PF trava inquérito sobre doações de fantasmas ao PT
Quase três anos depois de ter sido aberto para apurar doações supostamente ilegais de R$ 500 mil ao PT, por empresas ligadas ao caso de fraude fiscal da Cisco, o inquérito da Polícia Federal segue inconcluso.
As doações foram feitas por duas empresas fantasmas, segundo a PF, que também foram usadas pela Cisco para fraudar importações, apuração que resultou numa das maiores autuações da Receita, de R$ 3,3 bilhões.
As duas empresas que deram dinheiro ao PT não existem, segundo a PF e o Ministério Público Federal.
O inquérito foi aberto em 4 de dezembro de 2007 no rastro da Operação Persona, que apurava fraudes em importações pela Cisco. Seu objetivo é apurar corrupção ativa (quem deu o dinheiro) e passiva (quem recebeu).
No mês passado, a Justiça bloqueou os bens da Cisco e pessoas ligadas ao caso para garantir o pagamento da autuação bilionária.
No curso da Operação Persona, de 2006, escutas feitas pela PF apontaram que um diretor da Cisco combinava que daria dinheiro ao PT em troca de um contrato de R$ 9 milhões com a Caixa Econômica Federal. Uma revendedora da Cisco, a Damovo, obteve o contrato da CEF.
Na mesma época, em setembro de 2006, às vésperas das eleições presidenciais, duas empresas desconhecidas --ABC Industrial e a Nacional Distribuidora de Eletrônicos-- doaram R$ 250 mil cada uma para o PT.
As empresas são as mesmas que, segundo a denúncia aceita pela Justiça, foram usadas pela Cisco na fraude. Elas não têm capacidade para doar essas quantias, segundo as investigações.