ESO: 1ª imagem 3D mostra restos de estrela a 100 mi de km/h
Astrônomos utilizaram o Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), para capturar a primeira imagem tridimensional de uma explosão estelar, também conhecida como supernova. A escolhida foi a SN 1987A, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à nossa. Essa supernova foi descoberta em 1987 e foi a primeira a ser vista a olho nu em 383 anos. As observações mostraram novos detalhes sobre esses fenômenos, como, por exemplo, a ejeção de material a 100 milhões de km/h, cerca de 10% da velocidade da luz.
As estrelas de grande massa morrem de uma maneira particular, através de uma gigantesca explosão, arremessando uma grande quantidade de material no espaço. A descoberta de SN 1987A permitiu aos astrônomos estudarem melhor esse fenômeno com detalhes nunca antes vistos.
O estudo dessa supernova permitiu, por exemplo, a primeira detecção de neutrinos do núcleo interno da estrela, de elementos radioativos produzidos durante a explosão, a formação de poeira após o fenômeno, entre muitas outras descobertas sobre a morte das grandes estrelas.
Com as novas observações do VLT, o ESO afirma que os astrônomos serão capazes de reconstruir em 3D as partes centrais da explosão. Os cientistas já descobriram que a explosão foi mais forte e rápida em determinadas direções do que em outras, o que levou a um formato irregular, com algumas partes se alongando mais.
O primeiro material ejetado da supernova viajou a 100 milhões de km/h, cerca de 10% da velocidade da luz e 100 mil vezes mais rápido que um jato de passageiros. Apesar da velocidade, esse material demorou 10 anos para atingir o anel de gás e poeira que é formado na fase final da vida da estrela. As imagens indicam que outra onda de material emitido pela explosão viaja cerca de 10 vezes mais lentamente e é aquecido pelos elementos radioativos criados pelo fenômeno.
"Calculamos a distribuição de velocidades do material ejetado pela Supernova 1987A", diz a autora principal do estudo Karina Kjær em comunicado. "Ainda não compreendemos bem como explode uma supernova, mas o modo como a estrela explodiu encontra-se imprimido no material mais interior. Podemos ver que este material não foi ejetado simetricamente em todas as direções, mas parece ter uma direção privilegiada. Além disso, essa direção é diferente daquela que esperávamos, baseados na posição do anel."
As observações comprovariam modelos feitos em computador de como explodem essas estrelas. Esses modelos já mostravam o comportamento assimétrico e também indicavam instabilidades de larga escala na supernova.